domingo, 29 de setembro de 2013

Ontem assistimos, Antes da Revolução, de Bertolucci.



Ontem assistimos, Antes da Revolução, de Bertolucci.

(Esse filme era do tempo que o megaupload funcionava e eu baixava um filme por dia)

Claro, não é um filme de Hollywood, tem que se prestar mais atenção, mas se você não prestar atenção num filme de Hollywood pode cair numa malha, ser engolido por um sem número de mensagens sub...

Mas num filme de Bertolucci, sexo e política, e o clima de Parma, e dúvidas existenciais, e diálogos que valem uma pesquisa, nisso tudo eu presto atenção e tb sou levado a uma malha de um sem número de mensagens sub...

De fato eu não me sinto a vontade na burguesia, nem com os comunistas... De fato eu partilho esse mal estar, de sair errando por aí

Um filme é maior que um filme se você cai numa malha e fica pensando em um sem número de mensagens sub

tornaremos a ser estrela



quem é você que pensa que eu, e você, não tornaremos a ser estrela?

Por que é proibido pisar na grama?


foto de Vera Campos

Aqui foi o Des Oiseaux, também o Projeto SP, agora é um estacionamento, mas deveria ser um parque.

O Parque deveria ser assim: os caminhos sendo feitos pelos caminhos que as pessoas fazem, nada de circuitos estabelecidos, nada de passeios cimentados. Por que é proibido pisar na grama?

sábado, 28 de setembro de 2013

eu me acordo



eu me acordo
eu me cago
eu me banho

eu me levo até o ponto de ônibus
eu me transpiro no trabalho
eu me volto pra casa

eu me como
eu me durmo
eu me pesadelo

eu me entorpeço
eu me aborreço
eu me faz muita coisa que eu não tô afim

mas não me engano não
apesar de estar muito longe
eu não me esqueço de mim

eu não duvido de ti, plantinha


eu não duvido de ti, plantinha 
de tua vontade de viver
do cumpra-se o destino
ou seja lá o que for isso.

eu não duvido, plantinha
que tu possas crescer,
mas é que a sombra,
tudo que está ao redor
e pode te destruir,
o andar da carruagem,
tanta desordem, 
deixam-me com medo.

plantinha, eu não duvido de você
e mais que tudo
eu preciso que tu cresças
para que eu possa acreditar na vontade de viver
no cumpra-se o destino
ou seja lá o que for isso.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Eu estou para encontrar


Eu estou para encontrar com esse meu amigo doutor
para tratar de assuntos outros
de nada ordinários:
- como se pronuncia Husserl?
- como recuperar a folha seca?
- como cortar de forma definitiva do horizonte o Céu?

Eu estou para encontrar com esse meu amigo doutor
para um um bom papo
um ajuste  de contrários
romper tudo que cerca
e ficar muito tempo em silêncio
- talvez algum resquício de Terêncio?

sempre a filô combatendo a flozô.

há quanto tempo



há quanto tempo eu não venho aqui
há quanto tempo eu não saio de mim
há quanto tempo eu não sei de mim

terça-feira, 24 de setembro de 2013

aspasiano # 3 que inveja de ti

ah, aspasiano tu sabes a inveja que tenho de ti
teu rompantes violentos
teu cheiro de fumo
teu hálito de cobra
teus amores infalíveis 
tuas certezas absolutas

ah, aspasiano tu sabes a inveja que tenho de ti
teu amor com hora marcada
teus encontros de quarta e sábado
teus flertes com as caixeirinhas
tuas traições comentadas ás quintas
tua vontade de ferro

ah, aspasiano tu sabes a inveja que tenho de ti
tua fruta madura
o chope gelado
o futebol de sábado
a alegria no estádio
teu quinhentos mil réis no colchão

ah, aspasiano tu sabes a inveja que tenho de ti
as horas sem fim 
a brisa do mar
o vento na face
o voo de balão
o encontro do pelo no ovo

aspasiano , meu irmão, que inveja
de tua fé inabalável no futuro, na sorte, em deus, em você
na vitória do psdb, na visita do papa, nos novos negócios, no sorriso das criancinhas
no fim do mundo

aspasiano, tua caretice não me espanta,
o que me espanta é minha inveja de tua idiotice
cretinice, estupidez e arrogância

aspasiano, minha cara metade, obrigado por exisistires, sem você eu não teria contra o que lutar

a vida não cabe no bolso # 292

ler livros não te faz melhor que os outros
ler livros te faz melhor do que você era antes

a vida não cabe no bolso # 291

o acaso sempre ajudando-me a sair do acaso

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

aspasiano # 2

é isso aspasiano,
o povo sempre teve razão.
nunca se importou com política, história ou arte.
é isso aspasiano,
eu sou um errado

domingo, 22 de setembro de 2013

a vida não cabe no bolso # 290


por gentileza não confunda beleza com tristeza
mas por favor não pense que alegria é igual a felicidade

a vida que passa num assobio




a considerar o peso costumeiro das coisas
o tanto que nos enganamos
tudo é muito leve

a vida não cabe no bolso # 289



cuidado: frágil

a vida não cabe no bolso # 288



jesus fica tão bem num blues

assim se resolvem as coisas



mais uma gota desse veneno
e nosso coração transborda merda
até sufocar o peito

nada mais fácil
que resolver as coisa do nosso jeito
outro beijo

aos detentores do segredo



vocês

os detentores do segredo
de produzir um disco
de editar um livro
de publicar uma legenda
de induzir um conteúdo
de se colocar na vênus
de se manter na mídia
de hospedar-se na ilha
de frequentar  o viaipi
de aparecer no datena
de flertar com o justin
de conseguir uma capa
descolar uma bolsa
estar aptodeite

mantenham-se felizes a sua maneira
cruzem os dedos
tudo tem um preço

sábado, 21 de setembro de 2013

canção

tenho firmemente manifestado
em meu inconsciente
o desejo de fazer uma oração
em que a dor seja fixada num assobio
que tudo transforme-se num repente
que tudo caiba direitinho numa canção
que não leve meu nome
mas aquilo que mais se sente
o amor

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

no juízo perfeito do meu afeto # 2



a união 
dos celerados, dos idiotas
dos comedores de vidro e dos cagadores de regras
dos idólatras e dos tomadores de drogas baratas
dos vagabundos netos de milionários
dos espalha-merda
dos bonecos de ventríloquo
dos vampiros
das senhorinhas sem sombrinha
dos inúteis
dos imbecis saudosos dos militares
dos fanáticos de qualquer matiz
dos apreciadores das aparências
dos funcionários que adoram um patrão
dos perdedores que nunca jogaram
das criancinhas adultas
das putas que gostam mais do que tudo de dinheiro
dos pais que mimam seus filhos
dos pais que não sabem quem são seus filhos
daqueles que cavam a própria sepultura
dos espadachins sem bandeira
das meninas maquiadas
dos lobotomizadores produtores de vídeos
dos locutores e suas entonações nos telejornais
dos defensores da barbárie
dos mestre-cucas
dos missionários e das especialistas
dos louva-a-deus
dos insetos que nunca vão virar borboletas
a união desse sem-número de parvos e basbaques
MANTÉM AS COISAS COMO ESTÃO

essa massa de zumbis
opera na manutenção dessa grande bosta

consciência e inconsciência
aqui não se preocupam com vocês

sem o descobrimento, nunca chegaremos a lugar algum:
corruptos são os outros
os outros é que são arrogantes
eles estão errados
isso não  nos levará além de nada


mas eu, no juízo perfeito do meu afeto,
declaro que navego entre a consciência cósmica e a inconsciência de classe
e entre a consciência de classe e a inconsciência cósmica

que estou perdido e não sou nada
que meu nome será apagado
nunca haverá em nenhum outro lugar eu
que nunca tive objetivos
que fiz as perguntas certas
e que voltarei a ser estrela e explodirei outra vez setecentas mil vezes sete

que vivo

e que continuo apagar o fogo das feridas com soda cáustica

(as putas me sorriem os mendigos me desejam bom dia sou bem tratado nas cinco comunidades vizinhas; por mim, está bom.)

é isto.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

o tempo passa

uma pequena mancha de merda no vaso sanitário.
você esfrega.
esfrega e esfrega. desiste, derrotado.
passa um tempo - existe isso: o tempo passa.
você olha: a mancha não está mais ali.
não precisa sorrir, mas você é um ser humano.

o caminho

se eu disser que eu sou, deixo de sê-lo.
se disser: estou no caminho, é mais que certo que esteja parado.
mas eu não sei, e estou perdido. 
é isto.

os escrotos que se danem

você chega em casa e se esparrama num sofá fofinho.
assiste um filme antigo de mãos dadas com a pessoa amada. 
o sol, o sol vem vindo e bate de chapa nos seus olhos.
aí você pergunta:
- de quem é o dia de fechar a cortina?
a resposta vem acompanhada de um piscadinha e um sorriso.
- hoje é você, ontem fui eu. 
você sabe que não é assim, e ri.
você sabe que logo, logo o sol vai embora.
aí quando algum escroto insinua a tua falta de dinheiro, você finge cara de vítima e diz:
- é, acho que me fudi!

a vida não cabe no bolso # 283

acho a partenogênese uma bosta

domingo, 15 de setembro de 2013

Um bilhete para Estocolmo # 383



Domingo,meu dia favorito.
Eu vario o mercado, o lugar de fazer compra.dessa forma eu encontro variado tipo de gente.Numa semana vou ao Dia da Santo Antonio e na feira da Major Quedinho. No outro na Camões, no outro na Italianinha, No outro no Dany da 14 Bis, qu eu insisto em chamar pelo nome que eu conheci há 40 anos; "Blimp". Um bairro que é uma riqueza...
Hoje eu fui na Basilicata.
Venderam-me tudo mais barato do que estava marcado, inclusive o filão.
Na fila dou lugar a um senhor de idade, sobrancelhas grossas, cabelo branco; vestido como gente, calça de tergal, camisa com botões, sapato.
Ele agradece, diz que não é todo mundo mundo que faz isso.
eu digo se não fizer assim estaria caluniando minha família.
Ele me pergunta:
- O senhor é estrangeiro?

brasil, meu brasil brasileiro

sábado, 14 de setembro de 2013

não me faça perguntas ainda não chegamos ao fim



daqui agora em diante
cada um no seu lugar,
não sem antes peguntar, 
mais uma vez:
- onde é nosso lugar?

eu não sei o que você quer que eu diga
então eu fico sem falar 
o que quer que seja 
o que você quer escutar,
mas alguma coisa 
alguma coisa ainda está queimando
do lado de lá

tudo fora de controle
desse lado 
onde a gente está
eu não sei o que esperar
talvez a próxima surpresa, 
se essa situação continua
por tanto tempo,
custe a pintar

vamos ficar por aqui:
isso não vai nos levar
a nenhum lugar

no juízo mais que perfeito do meu afeto # 1

no juízo mais que perfeito do meu afeto
declaro:

que a seriedade não está na face
embotada 
nas carrancas
na falta de sorriso
nos óculos pesados
na gravidade de nenhum velhaco

a seriedade não está no discurso
na voz grave
no STF
em nenhuma igreja
em comunicados oficiais
no comentário do bispo

a seriedade não está em nenhuma aparência
no dedo em riste
no cartão vermelho
na capa do juiz
no salto alto
na austeridade de qualquer vagabundo

a seriedade não está em nenhuma ação
no parto
no sem destino
no assalto terrorista
no voo kamikase
na leitura da bíblia

a seriedade não é um ato interno
de penitência
de entrega a valores elevados
de desapego 
de mortificação
de paz de espirito

a seriedade mora no sossego
de todas as coisas que não podem ser ditas
que não trazem beneficio
de tudo que salva do suicídio
a seriedade diz:  EPA !
eu devo ser sério comigo.


passado

esse traço de cor em seu cabelo
esse prisma de luz que emana de seu dente
esse sorriso fixo ainda em minha mente
o passado tão presente

meus braços

meus braço não são minhas armas
meus braços não são uns braços
meus braços não são meus amigos
meus braços não são extensões de mim
meus braços não estão nem aí
meus braços não saem de mim
meus braços não se transformam em abraços
meus braços não fazem eu pensar em nada além dos braços 
que me ajudam a remar através de ti

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Salvador Allende



Então, senhoras e senhores...
madames e coxinhas
zélite e retardados
que pedem a volta dos assassinatos
a volta da ditadura!

vão tomar no cu!


contra todo totalitarismo, contra a militarização
a favor do povo e da democracia
da paz do amor e da bondade.

Salvador Allende, presente

a cabeça

não, não é o peso dos anos
que faz meu amigo
andar cabisbaixo
meio de lado
falando sozinho
com o rosto nublado

ele vai indo
atarefado

e eu 
igualmente
tenho a cabeça pesada

quem está errado?


e aquele outro falando sozinho
e a menina falando demais
e o outro que nada escuta
e a vizinha andando pelada

e todo essa gente dentro dos carros, a cara também fechada
e outros dirigindo e xingando qualquer curva errada

e todos andando, feito manada
tanta gente trabalhando como um burro de carga
pra se distrair

e as crianças saindo pra porrada
não sabendo mais de nada

e se não for a falta de livros
que deixou aquele povo todo desalinhado?

e não pode ser que todos estejam errados.

mas eu
não estou certo de nada




segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Clift Robertson


Aniversário de  Clift Robertson
assim nascem os herois, um filme da minha infância. ele e michael caine. tipo do filme que fez minha cabeça. são duas personalidades antagônicas, são dois amigos. estão na guerra, no japão. a cena final um campo aberto os dois saem correndo, um deles é metralhado. qual deles? o gente fina, idealista (clift) ou o sarcástico, descrente de tudo?

Toulouse Lautrec



Hoje aniversário do meu amigo Toulose Lautrec, meu segundo pintor favorito.
Os cartazes. a temática. os cortes. as cores. e ele, a vida dele. 
Gosto muito do filme. 
Meu pai comprava aquelas coleções da Abril e cada um dos grandes pintores merecia um destaque na caixa de luz ( um lugar proibido - se mexesse ali tudo poderia explodir..) a reprodução do quadro do pintor ficava ali na caixa de luz de nossa pra lá de humilde casa durante um mês. e meu pai conversava comigo sobre o pintor:
Gauguin, Van Gogh, Mondrian, Monet - você sabe qual é a diferença entre Monet e Manet?
Meu quadro favorito, depois é claro da figura aterradora de Van Gogh com a orelha cortada, é de uma vila italiana do século passado com uma escadaria que leva ao alto e ao sol. agora eu não lembro o nome desse pintor.



P. S.

 A diferença entre Manet e Monet é  só de uma letra. Todo resto vai demorar muito tempo pra você saber, tem que pesquisar, olhar os quadros e sentir, veja como o pai vê. - e fechava os olhos.

sábado, 7 de setembro de 2013

o último segundo





segundo tempo 
segundo round
segundo disco
segundo lado
segunda divisão
segunda-feira antes do feriado

e é uma questão de tempo
dividirem o segundo
mas eu pergunto:
quem quer dividir o vice-campeonato?

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

noite




você deixa o livro
não ainda não
você não está para ele.
o livro te espera

você deixa a árvore
sempre sim
você está para ela
a árvore te guarda

repousa a cabeça
feche os olhos
o mar inconsciente
que tudo guarda e espera
te envolve e tu adormece



a florzinha



não a lhe esperar
 a florzinha ali está

nenhum ikebana



nenhum ikebana
supera o arranjo das flores do campo
mas nunca desistiremos

ainda



mas nessa hora, agora
assim distante
uma estrela pulsa

raiva





"o uso da tração animal já foi um erro"

o mundo não vai acabar num monte de papel, vai acabar é de raiva.

então eu não explico pq não tenho carros, e pq não tenho filhos, e pq não curto lata velha do huck,nem raul gil, nem curintcha, nem cerveja,nem novela

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

o sorriso da Via Láctea



Agora eu fico a imaginar a solidão da sonda Voyager, lançada em 1977, recebendo nesse instante, lá nas barbas de Plutão (quanto tempo depois chega aqui algum fiapo de Plutão  na Terra?)  a força do nosso Sol.
As sondas já estão envelhecendo, fico sabendo.
Um hora a sonda deixará de enviar mensagens, desintegrar-se- á, tornar-se-á poeira.
Na imensa noite está o germe do amanhecer, isso eu sempre soube.
Mas a Via Láctea, sua curva no céu, minha mão na sua, minha solidão,nossa solidão, a Via Láctea sorri no Céu.
A Via Láctea -  eu estou dentro dela e ela está em mim, eu a observo e a enxergo estando dentro dela - a Via Láctea, nada mais bonito do que ela.
Em algum ponto ela está a sorrir.Daqui desse ponto nós não vemos, mas em algum ponto ela sorri.
Nada mais bonito do que eu estar em você e você estar em mim, na construção recíproca dos impares, da força dos contrários, nada mais bonito que a necessidade de que a gente exista para continuar a construção do universo, para continuar a continuar o Universo.
Nada mais bonito que a Via Láctea e eu e você sorrindo.

Ti


nada como um peixe, voa como um pássaro
constroi mundos, inventa planetas
mas nada sobre Ti

terça-feira, 3 de setembro de 2013

a vida não cabe no bolso # 387

tudo é muito

uso da razão

para conhecimento de todos:
um copo transbordando desafios 
é um prato cheio para a intuição

compartilho

compartilho a minha cota diária de pequenos desastres
os meus miseráveis enganos
todos os passos em falso
as mesquinharias
ideias cretinas
compartilho o lento passar do cadáver sem rosto
a estupidez ímpar
toda a estultice
as ninharias
patifarias
compartilho um dó maior